Corpo como Oráculo: quando o sagrado fala através do cansaço
- Aeluriah
- 28 de abr.
- 1 min de leitura
Atualizado: 30 de abr.

Meu corpo, meu oráculo cansado
Tem dias que eu não preciso jogar cartas, nem perguntar nada pro céu.
Meu corpo inteiro é o próprio oráculo.
Um templo exausto, mas ainda sagrado.
Ele fala na dor que aperta sem motivo.
Fala no enjoo que não é fome.
Fala na vontade de sumir sem saber pra onde.
O corpo como oráculo é uma linguagem ancestral que a mente moderna tenta calar. Mas ele fala — com sintomas, sensações, impulsos. O corpo guarda respostas que o tarô às vezes só confirma.
Meu corpo já viu tudo que eu escondi de mim.
Já tentou avisar nas noites insones, nas lágrimas que queimavam a garganta, nos impulsos que eu jogava pra debaixo do tapete.
Meu corpo sempre soube.
Sempre gritou.
Eu é que calei.
Agora ele anda cansado de carregar perguntas que eu insisto em ignorar.
Ele range, ele trava, ele pesa…
Não de velhice — mas de acúmulo.
De tudo que eu não ouvi, de tudo que eu não chorei, de tudo que eu quis segurar na força.
Hoje, eu entendo.
Não é drama, não é fraqueza, não é frescura.
É só o sagrado me pedindo pra sentar, pra escutar, pra ser.
Pra lembrar que o corpo é o primeiro altar.
E que às vezes, o maior milagre é simplesmente parar de lutar contra ele.
Meu corpo é meu oráculo cansado.
E eu tô aprendendo, finalmente, a ler os sinais.
-Por Aeluriah
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