Mãe! — o filme que te engole antes que você entenda o que tá acontecendo
- Aeluriah
- 18 de abr.
- 2 min de leitura
Mãe! (Mother!, 2017, dir. Darren Aronofsky)
Se você assistiu Mãe! esperando entender o enredo linear…
você deve ter saído transtornada.
E era exatamente esse o plano.
Mãe! não é um filme comum.
É um filme-ritual.
Um filme-cólica.
Ele não é feito pra ser entendido — é feito pra te fazer sentir.
Desconforto. Angústia. Violência.
A mesma sensação de estar dentro de um corpo onde tudo está fora do lugar.

O enredo? É um pretexto.
Javier Bardem é o “marido” — um poeta com bloqueio criativo.
Jennifer Lawrence é a “esposa” — uma mulher sensível que reconstrói, com as próprias mãos, a casa onde vivem isolados.
Tudo começa calmo. Até que estranhos começam a chegar.
Invadem a casa. Invadem o espaço.
E aos poucos, tudo vira ruído.
O que era simbólico vira literal.
O lar vira caos.
O útero vira campo de guerra.

A casa é o corpo.
A mulher é a Terra.
O homem é Deus.
E a arte, o ego, a criação e o sacrifício estão todos amarrados.
Esse filme é sobre maternidade?
É.
É sobre abuso?
Também.
É sobre a exploração do feminino, da natureza, da sensibilidade, da disponibilidade infinita?
É sobre tudo isso — e mais.

A protagonista é “a mãe”.
Mas ela não tem nome.
Ela não tem fala suficiente.
Ela não tem espaço.
Porque o mundo é feito para os homens criarem e para as mulheres cederem.

Enquanto o marido busca criar algo grandioso —
ela tenta sustentar a base.
Enquanto ele quer aplauso —
ela só quer silêncio, paz, presença.
Mas ele não ouve.
Ele precisa ser adorado.
E, pra isso, ele vai sacrificar tudo.
Ela. O filho. A casa. O corpo. A alma.

E você assiste aquilo sem conseguir respirar.
Porque não é só um filme.
É a sensação de viver num mundo onde o feminino é constantemente invadido.
Onde as mulheres precisam pedir licença pra existir em suas próprias casas.
Onde a dor é silenciada em nome da arte, da religião, da criação do outro.

E o mais cruel?
Quando tudo desmorona,
quando ela sangra, se quebra, queima,
ele a segura nos braços —
e diz que precisa de uma última coisa:
o coração dela.
Ela dá.
E ele recomeça.
Com outra.
Como se ela fosse apenas meio para o fim dele.

Mãe! é bíblico, sim.
Mas também é uterino.
É feminista.
É existencial.
É uma porrada contra o culto ao criador e o apagamento de quem sustenta a criação.

Você não entende o filme. Você é engolide por ele.
E depois… fica em silêncio.
Porque esse filme não acaba.
Ele ecoa.
Principalmente se você já viveu tentando manter uma casa de pé enquanto o outro destruía tudo…
em nome de algo “maior”.
“Ele queria criar. Ela era o que sustentava.Mas ninguém perguntou se ela aguentava.”

E você? Já assistiu Mãe!?
O que você sentiu vendo esse caos simbólico e visceral todo acontecer?
Eu, particularmente, amo esse filme — pelo incômodo, pela coragem, pela verdade embutida no absurdo.
Deixa aqui nos comentários o que você achou.
Quero saber como isso bateu aí dentro.
Até a próxima!
— Aeluriah
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