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Mãe! — o filme que te engole antes que você entenda o que tá acontecendo

Mãe! (Mother!, 2017, dir. Darren Aronofsky)

Se você assistiu Mãe! esperando entender o enredo linear…

você deve ter saído transtornada.

E era exatamente esse o plano.


Mãe! não é um filme comum.

É um filme-ritual.

Um filme-cólica.

Ele não é feito pra ser entendido — é feito pra te fazer sentir.

Desconforto. Angústia. Violência.

A mesma sensação de estar dentro de um corpo onde tudo está fora do lugar.

O enredo? É um pretexto.

Javier Bardem é o “marido” — um poeta com bloqueio criativo.

Jennifer Lawrence é a “esposa” — uma mulher sensível que reconstrói, com as próprias mãos, a casa onde vivem isolados.

Tudo começa calmo. Até que estranhos começam a chegar.

Invadem a casa. Invadem o espaço.

E aos poucos, tudo vira ruído.

O que era simbólico vira literal.

O lar vira caos.

O útero vira campo de guerra.


A casa é o corpo.

A mulher é a Terra.

O homem é Deus.

E a arte, o ego, a criação e o sacrifício estão todos amarrados.


Esse filme é sobre maternidade?

É.

É sobre abuso?

Também.

É sobre a exploração do feminino, da natureza, da sensibilidade, da disponibilidade infinita?


É sobre tudo isso — e mais.



A protagonista é “a mãe”.

Mas ela não tem nome.

Ela não tem fala suficiente.

Ela não tem espaço.

Porque o mundo é feito para os homens criarem e para as mulheres cederem.


Enquanto o marido busca criar algo grandioso —

ela tenta sustentar a base.

Enquanto ele quer aplauso —

ela só quer silêncio, paz, presença.


Mas ele não ouve.

Ele precisa ser adorado.

E, pra isso, ele vai sacrificar tudo.

Ela. O filho. A casa. O corpo. A alma.

E você assiste aquilo sem conseguir respirar.

Porque não é só um filme.

É a sensação de viver num mundo onde o feminino é constantemente invadido.

Onde as mulheres precisam pedir licença pra existir em suas próprias casas.

Onde a dor é silenciada em nome da arte, da religião, da criação do outro.

E o mais cruel?

Quando tudo desmorona,

quando ela sangra, se quebra, queima,

ele a segura nos braços —

e diz que precisa de uma última coisa:

o coração dela.


Ela dá.

E ele recomeça.

Com outra.

Como se ela fosse apenas meio para o fim dele.

Mãe! é bíblico, sim.

Mas também é uterino.

É feminista.

É existencial.

É uma porrada contra o culto ao criador e o apagamento de quem sustenta a criação.


Você não entende o filme. Você é engolide por ele.

E depois… fica em silêncio.

Porque esse filme não acaba.

Ele ecoa.


Principalmente se você já viveu tentando manter uma casa de pé enquanto o outro destruía tudo…

em nome de algo “maior”.



“Ele queria criar. Ela era o que sustentava.Mas ninguém perguntou se ela aguentava.”

E você? Já assistiu Mãe!?

O que você sentiu vendo esse caos simbólico e visceral todo acontecer?

Eu, particularmente, amo esse filme — pelo incômodo, pela coragem, pela verdade embutida no absurdo.


Deixa aqui nos comentários o que você achou.

Quero saber como isso bateu aí dentro.


Até a próxima!


— Aeluriah

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