O vazio da modernidade: anestesiados e famintos de sentido
- Aeluriah
- 24 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de mai.

Vivemos cercados de conexões, e ainda assim tão sozinhos que dói.
Tem sempre uma aba aberta, uma notificação piscando, uma entrega chegando — e mesmo assim, a alma segue implorando por algo que não vem da Shopee.
A modernidade nos prometeu conforto, progresso, velocidade.
Mas não falou nada sobre significado.
Nem sobre como seria viver dentro de uma avalanche de estímulos, sem tempo de sentir nenhum.
A gente posta sorrisos enquanto esconde o grito.
A gente performa felicidade porque ser verdadeiro é arriscado demais.
O algoritmo quer engajamento, não verdade.
E nesse teatro coletivo, vai se perdendo a essência.
Estamos cheios — de conteúdo, de informação, de metas. Mas vazios — de presença, de vínculos profundos, de silêncio nutritivo.
O sagrado foi substituído pelo conveniente.
A poesia virou legenda de marketing.
O amor virou contrato condicional com cláusulas de ego.
O vazio da modernidade não é ausência.
É excesso.
Excesso que entope, que entorpece, que grita sem som.
E no fundo desse excesso, uma solidão densa, gelada, quase invisível —porque foi normalizada.
Mas eu não aceito que a vida seja só isso.
Não aceito que estar anestesiado seja o preço da sobrevivência.
Quero a fúria da presença.
Quero me lembrar que sou corpo, alma e caos.
Quero sentir até transbordar.
E você?
Se tudo parece vazio, talvez seja hora de parar de buscar fora.
E começar a escutar esse eco que vem de dentro.
Ele não mente.
Ele chama.
Ele sangra verdade.
Se for pra seguir nesse mundo, que seja com olhos abertos e alma acesa.
Mesmo que doa.
Mesmo que vá contra o fluxo.
A lucidez é um ato de rebeldia.
E o vazio, talvez, seja só um convite brutal pra se reencontrar.
Mari kuste/ Aeluriah
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