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Quando perder tudo é o início do que você nunca ousou ser

Atualizado: 25 de mai.

Ilustração digital em estilo gráfico e ousado. Mulher com olhos fechados, expressão serena e ao mesmo tempo firme, em tons contrastantes de roxo, azul e amarelo vibrante. A figura transmite introspecção e ruptura de padrões internos. A frase “Quando perder tudo é o início do que você nunca ousou ser” aparece em destaque no centro da imagem. Assinado por Aeluriah

Às vezes, a vida te arranca pela raiz com a delicadeza de um trovão.

Você pensa que está morrendo — e talvez esteja.

Mas não do jeito que imagina.


Quando perder tudo parece o fim, pode ser apenas o início.

É um parto sem anestesia.

É a alma sendo arrancada do molde antigo porque não cabe mais ali.

E grita.

Grita com a fúria de quem ama o que foi, mas sabe que não pode mais voltar.


Você tenta agarrar cacos — os hábitos, as pessoas, os nomes que vestia —

mas eles cortam sua mão.

Sangra.

Porque já era.

Acabou.


A dor de perder tudo é a dor de descobrir que não era seu.

Ou que não é mais.

Ou que nunca foi.

Você só estava morando na pele de um sonho emprestado, tentando caber num espelho torto.


E então vem o vazio.

O chão que desaparece.

O silêncio que zomba.


Você não sabe quem é.

Não sabe pra onde ir.

E tudo parece inútil, exagerado, insuportável.


Mas há algo sagrado na ruína.

Algo que os olhos não enxergam quando ainda temos coisas demais para carregar.

Porque a alma — essa entidade selvagem —

precisa de espaço pra dançar.


É quando você perde tudo que sobra só você.

Sem maquiagem emocional.

Sem títulos.

Sem desculpas.


Só a carne viva do que sente.

E é ali, exatamente ali, no poço mais fundo,

que a centelha se acende.


A perda é uma fornalha.

Ou você queima e some —

ou queima e nasce.


Não é bonito.

Não é poético enquanto acontece.

É caos, é desespero, é inferno interno.


Mas é real.

É limpo.

É a verdade sem véu.


E você vai olhar no espelho, um dia,

com os olhos de quem sobreviveu à própria demolição,

e dizer: eu sou feita de tudo que perdi.


Porque às vezes,

perder tudo é o preço de se tornar tudo o que você é.


— Mari Kuste / Aeluriah

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