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Quando perder tudo é o início do que você nunca ousou ser

Atualizado: 11 de jul.


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Às vezes, a vida te arranca pela raiz com a delicadeza de um trovão.

Você pensa que está morrendo

e talvez esteja.

Mas não do jeito que imagina.


Quando perder tudo parece o fim, pode ser apenas o início.

É um parto sem anestesia.

É a alma sendo arrancada do molde antigo porque não cabe mais ali.

E grita.

Grita com a fúria de quem ama o que foi, mas sabe que não pode mais voltar.


Você tenta agarrar cacos

os hábitos, as pessoas, os nomes que vestia

mas eles cortam sua mão.

Sangra.

Porque já era.

Acabou.


A dor de perder tudo é a dor de descobrir que não era seu.

Ou que não é mais.

Ou que nunca foi.

Você só estava morando na pele de um sonho emprestado, tentando caber num espelho torto.


E então vem o vazio.

O chão que desaparece.

O silêncio que zomba.


Você não sabe quem é.

Não sabe pra onde ir.

E tudo parece inútil, exagerado, insuportável.


Mas há algo sagrado na ruína.

Algo que os olhos não enxergam quando ainda temos coisas demais para carregar.

Porque a alma… essa entidade selvagem

precisa de espaço pra dançar.


É quando você perde tudo que sobra só você.

Sem maquiagem emocional.

Sem títulos.

Sem desculpas.


Só a carne viva do que sente.

E é ali, exatamente ali, no poço mais fundo,

que a centelha se acende.


A perda é uma fornalha.

Ou você queima e some

ou queima e nasce.


Não é bonito.

Não é poético enquanto acontece.

É caos, é desespero, é inferno interno.


Mas é real.

É limpo.

É a verdade sem véu.


E você vai olhar no espelho, um dia,

com os olhos de quem sobreviveu à própria demolição,

e dizer: eu sou feita de tudo que perdi.


Porque às vezes,

perder tudo é o preço de se tornar tudo o que você é.


— Aeluriah

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